Uma nova cultura se desenvolveu no mundo dos negócios, a do jovem empreendedor. A geração da década de 80 puxou a fila dos jovens patrões, que logo cedo já dispensam a figura do chefe de empresa arcaico e assumem o comando de seus próprios negócios. Antes a linha cronológica da vida era conseguir uma formação, encontrar um bom emprego e depois sair da casa dos pais para se casar. As pessoas se contentavam em ser empregadas de outras por um longo tempo. Hoje, o costume é diferente, os jovens estão empenhados em acumular capital e montar seu próprio negócio antes de completar 30 anos e de sair da barra dos pais.
Essa nova geração carrega para a profissão a ousadia experimental de quem tem a cabeça cheia de idéias, e pouco medo de arriscar. Essa postura dinamizou antigos sistemas empresariais e vêm transformando o ambiente de trabalho em um local mais acessível aos funcionários, onde a comunicação é realizada de forma horizontal.
O vice-presidente da Associação Comercial de São Bernardo (Acisbec), Valter Moura Júnior, 35 anos, montou o seu primeiro negócio aos 18 anos, no ramo de eventos. “Comecei organizando feiras coorporativas e depois abri a minha empresa, a Welcome Eventos que hoje é especializada em seminários e congressos. Eu era muito novo e como não possuía uma equipe formada fazia de tudo. Tinha que ser o vendedor, o diretor financeiro, administrador, enfim todas as funções. Isso me ensinou muita coisa”, recorda.
Antigo coordenador do Núcleo Jovens Empreendedores da Acisbec, Valter Júnior acompanhou de perto a trajetória inicial de muitos jovens no processo de abertura do primeiro negócio. Ele classifica como jovem empreendedor aquela pessoa que está na faixa dos 25 aos 29 anos, recém saído de uma faculdade, com as idéias fermentando na cabeça e uma grande capacidade de ação. “A vantagem de se empreender nessa idade é a ousadia e a vibração, os jovens não têm medo de errar porque se caírem terão tempo para recomeçar. Ao contrário das pessoas mais experientes que já bateram tanto a cara na parede que agora tiram um pouco o pé do acelerador”, ilustra o empresário.
De acordo com ele as áreas que mais atraem os jovens profissionais são as que envolvem TI (Tecnologia da Informação) e o setor de serviços de um modo geral.
Incentivo – Começar um negócio é um desafio para qualquer idade, quanto mais novo o empreendedor for, mais difícil é a empreitada. Ainda existe muita desconfiança com a juventude, e a falta de credibilidade acaba se tornando uma grande barreira para as novas gerações. Segundo Valter Júnior, falta no ABC políticas públicas que ofereçam crédito a juros baixos para o esse segmento. “Os jovens que estão começando precisam de incentivo fiscal para abrir o primeiro negócio. Eles precisam de uma linha de crédito própria para conseguir crédito e empreender”, diz.
Planejamento – Se por um lado a impulsividade da juventude é um diferencial positivo, por outro a precipitação é uma das maiores causas de falências das empresas. Para fugir desse risco, o empresário Marcelo Tristão, 37 anos, dono da rede alimentícia Azul Banana, investiu tempo em planejamento e capacitação antes de abrir o seu negócio, aos 26 anos. “Eu fiz vários cursos preparatórios no Sebrae, pesquisei sobre a área e os custos que teria com manutenção e produtos. Não adianta só ter uma boa idéia, você tem que planejar para minimizar os riscos”, relata Tristão.
Hoje, Marcelo é dono de uma fábrica de salgados e de três unidades da rede alimentícia Azul Banana. Com 21 funcionários sob sua responsabilidade, o empresário afirma que a receita para o sucesso é dar um passo de cada vez e procurar não se endividar. “Eu comecei devagar, e fui expandindo aos poucos de acordo as minhas possibilidades”, conclui.
*matéria originalmente publicada na edição abril/2010 da revista Livre Mercado
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