segunda-feira, 24 de maio de 2010

Custo Benefício: Quanto uma pessoa gasta para se preparar para um concurso público?

Atualmente a carreira pública emprega nove milhões de brasileiros, segundo dados do IBEG. O que mais atrai as pessoas para a área é a busca por estabilidade no cargo, boa condição financeira e a forma democrática de contratação. Qualquer pessoa, independente de sua condição social, etnia ou sexo pode prestar um concurso e passar.

Por conta dessas vantagens a busca por um emprego seguro tem aumentado muito. Hoje podemos dizer que o Brasil é o país dos concursos públicos, recentemente a prova para trabalhar nos correios reuniu um milhão de concorrentes. Como consequência subiu também a demanda por cursos preparatórios em instituições especializadas. Mas quanto custa se preparar para os cargos estáveis e cada vez mais concorridos na máquina pública?

O diretor de Recursos Humanos da Central de Concursos, José Luis Romero Baubeta, 47 anos, estima que a pessoa que concorre a um cargo de nível médio, com remuneração mínima a partir de R$ 1 mil vai gastar de R$2 a R$4 mil para se preparar. Já para quem almeja uma vaga de nível superior, com salário iniciais mais altos, os gastos são mais maiores, chegando na faixa dos R$ 6 mil.

A estimativa é uma média que inclui os custos com a mensalidade, material didático, material extraclasse, taxas de inscrição, transporte e alimentação no período de um ano, o tempo que a maioria das pessoas leva para passar nas provas. “Normalmente o aluno não passa nem no primeiro e nem no segundo concurso. Ele vai ser aprovado apenas no terceiro”, explica o diretor de RH.

Apesar de parecer que não a relação de custo-benefício compensa e os gastos se pagam através do salário e da estabilidade alcançada na vida profissional. José Baubeta ressalta que o investimento tem retorno a médio e longo prazo. “A ideia é vender para as pessoas uma oportunidade de vida. Além dos conhecimentos para passar na prova ela aumenta a sua bagagem cultural e se torna apta a exercer a profissão”.

O perfil de quem procura os cursinhos é o mais variado possível. Abrange desde jovens, entre 18 e 22 anos, que acabaram de sair do ensino médio em busca do primeiro emprego, até as pessoas mais experientes, acima de 40 anos, que já trabalham, mas por medo da instabilidade das empresas privadas, buscam garantir um “plano B”.

De uns anos para cá a procura pela área tem aumentado bastante e as opções são inúmeras para quem quer seguir no ramo, mas de acordo do José Baubeta é muito comum as pessoas pecarem na hora de escolher optar por um dos muitos setores que a carreira pública oferece. “Eu aconselho a todos os alunos a pesquisarem sobre a área em que pretendem trabalhar. Você não pode pegar o primeiro que aparecer, tem que escolher com cautela para não ser um profissional infeliz”, afirma.

De acordo com ele, um dos grandes aliados do crescimento da carreira pública tem sido a divulgação maciça que o setor tem obtido na mídia nos últimos tempos. Até algum tempo atrás as pessoas tinham preconceito em trabalhar para o governo, seja ele federal, municipal ou estadual. “O próprio ABC era um mercado devagar, cru, por falta de curiosidade”, pontua Baubeta.

Segundo a gerente da Central de Concursos de Santo André, Carla Borin, 34 anos, a unidade do município possui 1800 alunos matriculados neste mês. A demanda na região é maior para concursos de nível médio, como o da Caixa Econômica Federal que será realizado no dia 9 de maio, contabilizando 70% do total em face dos 30% que se preparam para o nível superior.

A aluna de Santo André Norma Homma, 41 anos, é uma delas. Ela possui o segundo grau completo e sempre trabalhou com bancos e viu no concurso da Caixa Econômica a chance estabilidade. Ela estima que vai gastar em torno de R$2,5 mil durante o curso de seis meses, mas acredita que o investimento vale a pena. “É um pouco caro, mas compensa pelo acompanhamento que você tem. Quando eu passar no concurso vou ter retorno desse dinheiro”, anuncia.

Autodidatas – A maior parte dos concursos tem matérias padrão e 90% das provas exige português, matemática, informática e direito. Variando apenas o nível de dificuldade e as matérias específicas. Por conta desse edital base, muitas pessoas optam em dispensar o cursinho e estudar por conta própria. A maior desvantagem é não contar com a presença de um professor para tirar dúvidas e um tempo certo de estudo. Para esse público que quer reduzir as despesas, a Central de Concursos disponibiliza o serviço de venda de apostilas, o kit básico custa R$120. “Para cada dez pessoas que compram as apostilas uma faz o curso. Mas essas pessoas estarão sozinhas e vão ter que se esforçar muito mais do quem faz o curso”, avalia José Baubeta.


*matéria originalmente publicada na edição de abril de 2010 da revista Livre Mercado

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